21 agosto 2006

inimigo invisível

O inimigo invisível chegou hoje em nosso território com seu exército bem numeroso, bem armado. O inimigo invisível congela, paralisa, faz tremer, enrigece, racha o lábio, seca a mão. Essa noite o frio em meu peito é quase nada em comparação com a dor de quem improvisa um lar efêmero, de quem dorme no chão e tem seus doados pedaços de pão espalhados na curva do meio fio, na esquina fria. Venta gelado e calado o inimigo do homem de coração quente. Mostra, covarde, o corpo e o rosto de teus soldados! Tu não tens corpo nem rosto. Tu não tens ponto fraco. Tu não existes! Por que insistes em nos matar? É isso o que queres? Se não é, o que queres? Se não é isso, queres outra coisa e matas sem querer. Faça fogo quem o teme. Una-se a outros que o temem. Juntos, escondam-se ao redor de uma fogueira. Bebam cachaça e entorpeçam-se pois ele não existe: nem o frio de fora, nem o frio daqui.

3 Comments:

At 11:17 PM, Blogger Cynthia Martins said...

a estética do frio?

justo ele que nunca me cortou, sob essa descrição chego a me questionar...

 
At 11:12 AM, Anonymous Anônimo said...

Matou a pau Fabricio!
Ia ser bom poder acabar com o frio de uma vez por todas. Tem gente que curte, eu pessoalmente detesto frio...
E é como dizem por ai: quem não tem lareira, faz fogo com uma panela e pedaços de madeira velha catados pela cidade; quem não tem ar-condicionado, se aquece com cachaça... Mas o pior do inverno é passar sem um cobertor de orelha. :D

 
At 4:25 PM, Blogger titi said...

bá tchê, que bela imagem do frio, mesmo invisível.

 

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