07 outubro 2006

mano changes

Saiu na ZH de hoje 06/10/2006.. na matéria "O Mano e a Mina"



Mas antes de ler a matéria é interessante ler algo sobre o Mano Changes
"diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és",
A íntegra encontra-se em http://boanoiteproporco.blogspot.com/2006/10/ecce-homo_04.html

Mano Changes, deputado estadual eleito pelo PP com 42 mil votos, vem nos braços de Homero nos trazendo a poesia em sua forma mais pura. É brilhante sua análise das relações internacionais entre Brasil e Colômbia, em "Amazônia X Colômbia": "Ah! eu só vim prá buscar um carregamento e depois me mandar/Ah! como é boa a fronteira Amazônia e Colômbia que eu vou atravessar!!", e não menos notável sua análise das relações sociais estabelecidas entre adolescentes em "Ah, Eu tô sem erva!", o que pode inspirar políticas sociais para tal setor: "A seca tá braba não consigo uma bagana/A gatinha me disse que só sai comigo/Se eu tiver um baseado pra botar pro seu primo/O cara é cabeça, a mina também/Descolando uma erva eu vou me dar bem/Chapando o cara vai ficar liberado/Vou matar a princesa num lugar embanderado". O que dizer, então, de sua sensibilidade social para com as lutas por inclusão social dos negros e de grupos estigmatizados, como podemos comprovar em "Marrequinha": "Pobre negrinha arrideira Sentadinha no cupim/Pobre negrinha arrideira Sentadinha no cupim/ Come bosta de ovelha Pensando que é amendoim" e "Marrequinha da lagoa Bate as asa e não afunda/Marrequinha da lagoa Bate as asa e não afunda/Eu gosto de mulher gorda Porque tem graxa na bunda"?.
Suas melhores idéias, porém, florescem não de sua poesia social, brevemente ilustrada acima, mas sim quando seu talento se encontra com a arte pela arte, tal como quando nos transmite toda sua verve em "Arrastão do Amor" através de profundos versos sobre as relações conjugais ("se a sua cabeça não passa pela porta/troque sua mulher que ninguém se importa"), a feminilidade ("olha alí que coisinha que é aquela menininha/se não é virgem de umbigo deve ser da orelinha") e o amor em todo seu esplendor ("vem, meu amor/ vê se não olha pra ninguém/porque agora eu quero só fazer neném/meu amor, como você não tem igual/vem pra cá e senta aqui bem no meu...").
Mano Changes, risco para o qual já nos alertava o Nuestro Vino
ainda em agosto último, vem nos representar já qualificado por sua poesia, mas não é só isso. Também vem credenciado pelo fato de ter tirado a vaga na Assembléia Legislativa de um deputado do porte de Jair Soares, ex-governador de Estado e experiente homem público. Perdem o PP e a política gaúcha, embora nossa música agora respire mais aliviada.

(No retrato, Mano Changes, vocalista da banda Comunidade Nin-Jitsu, deputado estadual eleito pelo PP. Notem que o rapaz está tentando comunicar algo com suas mãos)





















Matéria da ZH 06/10/2006


Foto(s): Jefferson Bernardes, divulgação/ZH

O Mano e a mina

Sua Excelência o deputado eleito Mano Changes, 30 anos, ainda não sabe como vai conciliar as gírias que usa no dia-a-dia com a linguagem formal do plenário, mas por enquanto nem pensa em mudar.

Ao contrário, Mano levará para a campanha de Yeda Crusius o estilo que conquistou o voto dos jovens na campanha para a Assembléia.

No encontro que teve ontem com a candidata, Mano chamou Yeda de "mina" e os dois posaram para fotos fazendo um gesto clássico do hip-hop.

O líder da banda Comunidade Nin-Jitsu deverá ser na campanha de Yeda uma espécie de contraponto à presença da campeã de votos Manuela D'Ávila ao lado de Olívio Dutra.

Mano vai gravar o jingle de Yeda em ritmo de hip-hop e participar da propaganda da candidata na TV.

06 outubro 2006

dona coruja

Fim de Tarde na Praça Saraiva #06

Hoje a tarde tive o prazer de passar alguns momentos tão próximo quanto é possível se estar de uma coruja que não foi criada em cativeiro. Encontrei ela na Praça Saraiva, estava inicialmente sobre um poste, junto ao Seu Coruja. Ambos estavam extremamente estressados pois algumas crianças estavam curiosas quanto ao ninho que eles haviam feito próximo à pista de corrida.
Falei com as crianças, que fingiram não me ouvir mas foram embora e me sentei junto com a Fatima a alguns metros do ninho. Fiquei ali esperando, tinha certeza de que a Dona Coruja iria voltar para o ninho tão logo ela achasse seguro.
Demorou alguns minutos, mas ela voltou. O Seu Coruja sai voando, aparentemente para caçar: já era fim de tarde.
Devagar, começei a engatinhar e a me arrastar pelo chão, tentando me aproximar do ninho e da coruja sem assustá-la. Ela me olhava e eu parava. Passei por alguns espinhos e pedrinhas incomodas no caminho, nada demais.
Ao chegar a uma distância que julgei ser aceitável tanto para mim quanto para a Dona Coruja, puxei a máquina e começei a fotografar. As limitações técnicas da minha máquina não estavam permitindo que eu fizesse fotos que capturassem a beleza de tal pássaro. Vi que seria necessário chegar mais perto.
Devagar, fui me aproximando mais. A cada movimento a coruja virava apenas a cabeça e me fitava com aqueles olhões de ave de rapina. Eu vi o macho atacar um cachorro, sabia que ela seria capaz de fazer o mesmo comigo e embora não estivesse com medo, eu não queria estressar a ave.
Cheguei perto o suficiente para fazer as fotos que queria. Depois me levantei, com confiança e voltei para onde estava sentado anteriormente. Ela apenas me olhou e nem se mexeu.
Na hora de ir embora, resolvi fazer como algumas crianças fizeram e dar tchau para a "Dona Coruja". Mas resolvi fazer isso bem de perto.
Me aproximei dela, puxando ao limite a marca que havia imposto para mim mesmo como sendo segura e dei meu tchau pra ela, batendo mais uma foto. A coruja me alertava de quando eu estava ficando incômodo, olhando para mim e abrindo a boca. Sutileza... Impressionante para um animal selvagem.
E fica ai minha maior surpresa nesse breve contato: eu esperava que uma ave de rapina como a coruja fosse bem mais desconfiada e agressiva, ainda mais estando empoleirada sobre o ninho. Acho que ela entendeu minhas intenções. Acho que ela sentiu que havia respeito. Ou talvez seja só piração da cabeça de alguém que com freqüência não vê tais atitudes na lida com outros humanos.